O COLPORTOR CEGO



O COLPORTOR CEGO


José Araújo, um jovem baiano de apenas 16 anos ouviu a mensagem do Evangelho pela primeira vez e resolveu seguir a Cristo. Mas, quando chegou à sua casa e contou o que pretendia fazer, levou uma surra de chicote de seu pai. Pouco tempo depois, ele foi acometido de um grave problema na vista e foi se tratar no Hospital Evangélico Grace Memorial, em Ponte Nova, na Bahia. Embora tenha sido bem atendido pela competente equipe médica do Dr. W. W. Wood, a cirurgia não conseguiu evitar que ele ficasse completamente cego.

No tempo em que permaneceu em tratamento no Hospital, assistiu aos cultos, fortaleceu sua fé em Cristo, ouviu falar sobre o trabalho dos colportores (promotor, vendedor de Bíblia) e resolveu ser um deles. Começou a trabalhar como colportor autônomo, sem vínculo com sua igreja. Comprava Bíblias com desconto das Sociedades Bíblicas e se sustentava com o que ganhava nas vendas. Nos primeiros cinco anos de trabalho como COLPORTOR CEGO, no ínicio da década de 30, ele viajava a pé com sacos de livros nas costas. POR VÁRIAS VEZES PERDEU-SE NO EMARANHADO DAS CAATINGAS, MAS DEUS SEMPRE O LIVROU DOS PERIGOS. Certa vez, CAIU DE UM BARRANCO DE ESTRADA DE FERRA EM CIMA DE UMA CASA E FICOU PRESO NO TELHADO DE CABEÇA PARA BAIXO até o retirarem dali. E, por incrível que pareça, não sofreu nenhum arranhão. Em outra ocasião, QUANDO VIAJAVA NA PRESENÇA DE OUTRO CEGO, ELES SE PERDERAM NO MATO E PASSARAM DOIS DIAS SEM TEREM O QUE COMER E BEBER. DURANTE TODO O TEMPO QUE FICARAM PERDIDOS, MATARAM A FOME E A SEDE COM APENAS TRÊS LIMÕES que haviam levado.

Anos depois, José contratou um menino de 12 anos para acompanhá-lo nas viagens. E, mais tarde, conseguiu comprar dois animais de carga para levar as Bíblias. E, como suas viagens eram longas, e ele passava por lugares secos, sem nenhuma vegetação, os animais voltavam magros e cansados e precisavam de vários dias de descanso para se recuperarem.
Apesar de todas essas dificuldades enfrentadas no trabalho de colportagem, José Araújo nunca perdeu o ânimo e o bom humor e sempre dizia: NUNCA TROCARIA MEU TRABALHO DE COLPORTOR PELO MELHOR EMPREGO DO MUNDO.

Em 1937, o Rev. Eudaldo Silva Lima, conhecido pastor presbiteriano, o convenceu a ir à cidade do Rio de Janeiro para aprender braile no Instituto Evangélico do Cego. Ele aprendeu braile rapidamente e ficou muito feliz em poder ler a Bíblia sem ajuda de ninguém. E a leitura em braile o ajudou também em seu trabalho de colportagem, pois as pessoas do interior da Bahia SE AJUNTAVAM AO REDOR DELE PARA VEREM O FATO INÉDITO DE UM CEGO LENDO A BÍBLIA.
Em suas viagens pelo interior do seu Estado, TENTARAM MUITAS VEZES IMPEDÍ-LO de realizar seu trabalho. Num lugarejo chamado Pedras, LHE ATIRARAM LAMA E PROCURARAM EXPULSÁ-LO de uma feira, mas ele resistiu e continuou o seu trabalho. Em outra vila chamada Lagoa, tentaram levá-lo à delegacia, MAS ELE NÃO SE AMENDRONTOU E CONTINUOU A OFERECER A BÍBLIA DE CASA EM CASA.

Quando José Araújo completou 25 anos de atividades como colportor, ELE JÁ HAVIA VENDIDO MAIS DE 6 MIL BÍBLIAS, 10 MIL NOVOS TESTAMENTOS, ALÉM DE MILHARES DE PORÇÕES BÍBLICAS. E APESAR DE SUA DEFICIÊNCIA VISUAL, VISITOU 141 CIDADES, VILAS E POVOADOS E LEVADO A PALAVRA DE DEUS A MUITOS LUGARES ONDE NENHUM OUTRO MENSAGEIRO DO EVANGELHO HAVIA CHEGADO ANTES.

(Trecho do livro: História da Bíblia no Brasil, Luiz Antonio Giraldi, SBB - pag.94-95)

Este livro tem muitas outras histórias verídicas sobre a introdução da Bíblia no Brasil.
Ótimo livro, eu recomendo.

Márcia Heuko

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