MARAVILHOSA GRAÇA
MARAVILHOSA GRAÇA
Por Márcia Heuko - Me. e Bel. em
Teologia
William Cowper, John Newton e William Wilbeforce.
“Pois pela graça de Deus vocês são salvos por
meio da fé.
Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus.” (Ef
2.8)
Você já parou para pensar o que é graça? Graça é a mais clara demonstração de carinho que você e eu já recebemos; é o transbordar generoso do amor de Deus por meio de Jesus Cristo!
Vejo isto muito claramente na vida de três
homens. O primeiro deles é o inglês William Cowper, nascido em 1731. Aos seis
anos ele perdeu sua mãe; aos dez anos seu pai o enviou para um internato onde
viveu uma vida horrível e cheia de desapontamentos. Aos trinta e dois anos desistiu do
sonho de ser um magistrado em consequência de uma profunda depressão, que o
levou a muitas tentativas de suicídio: Tentou pular no rio Tâmisa, mas foi
impedido; ingeriu veneno, porém foi encontrado a tempo por alguém que o
socorreu; atirou-se sobre uma faca, mas a lâmina quebrou com o peso do seu
corpo; tentou enforcar-se, contudo um vizinho o encontrou e cortou a corda
antes que ele morresse; tomou muitos comprimidos antidepressivos, mas foi salvo
por sua empregada. Sofrendo de depressão aguda e profunda inquietação mental,
beirando a loucura, voltou-se cada vez mais para Cristo.
Um ano após suas tentativas de suicídio, lendo a
Bíblia no jardim de sua casa, uma passagem o marcou: “Todos pecaram e estão afastados da presença gloriosa de Deus. Mas, pela
sua graça e sem exigir nada, Deus aceita todos por meio de Cristo Jesus, que os
salva. Deus ofereceu Cristo como sacrifício para que pela sua morte na cruz,
Cristo se tornasse o meio das pessoas receberem o perdão dos seus pecados, pela
fé nele” (Rm 3.24-25). O Espírito Santo atuou em seu coração através
daquelas palavras e ali mesmo rendeu-se a Cristo, sendo salvo dos seus pecados.
O próprio Cowper afirma: "Não sei como, mas num momento, recebi poder para
crer e o sol da justiça brilhou em meu coração. Vi claramente a suficiência do
sacrifício feito por Cristo; o perdão através do seu sangue; a completa e ampla
justificação".
Aos trinta e quatro anos, restaurado da depressão, Cowper
compôs sessenta e quatro hinos cristãos e muitas poesias, sendo considerado um dos maiores
poetas. Além da música e da poesia, ele lutou pela causa dos pobres e
dos escravos!
O segundo homem a receber a graça de Deus foi o
inglês John Newton, nascido em 1725. Coincidentemente ele também perdeu sua mãe
muito cedo, mas sempre se lembrava das orações que ela fazia por ele, ajoelhada
ao lado da cama.
Quando jovem Newton tentou desertar da marinha
inglesa, porém, como punição, foi açoitado. Aos vinte e cinco anos iniciou seu trabalho como comandante
de navio negreiro. Ele transportava escravos africanos para América. Os
escravos eram marcados com ferro quente e transportados no porão do navio com
os pés, mãos e pescoço acorrentados, sentados lado a lado ao longo da viagem.
Quando algum escravo apresentava diarreia, algo muito comum naquela situação,
eram feitos supositórios de cordas para controlar o fluxo; se morressem, eram
arremessados ao mar. Estas coisas eram feitas sob a supervisão do comandante do
navio, que por vezes também açoitava os escravos. E esta era a função de John
Newton.
Em uma dessas viagens, o navio enfrentou uma
grande tempestade e estava prestes a afundar. Temendo a morte, e ouvindo o
gemido dos negros acorrentados no porão, Newton ofereceu sua vida à Cristo:
“Senhor, tem misericórdia de nós”. O Senhor veio em seu auxílio e acalmou as
águas. Quando voltou para a cabine, Newton refletiu e entendeu que Deus falava
com ele através da tempestade, e que a sua graça havia se manifestado.
Newton converteu-se, abandonou os navios negreiros
e começou a estudar para ser pastor, função que exerceu nos últimos quarenta e três anos de
sua vida, trabalhando em uma capela em Londres. Lá se tornou amigo do poeta
William Cowper e juntos eles trabalharam nos cultos semanais e nas reuniões de
oração. Também compuseram hinos, entre eles “Amazing Grace”, que Newton dedica
ao dia da sua salvação na tempestade, dentro do navio negreiro:
“Maravilhosa graça!
Como é doce o som
que salvou um
pecador como eu!
Estava perdido uma
vez, mas agora fui encontrado;
era cego, mas agora
posso ver.
Essa graça ensinou
meu coração a temer,
é a graça que alivia
meus medos;
como é preciosa a
graça que apareceu
no momento em que eu
acreditei nela.
Terminados muitos
perigos, labutas, e armadilhas,
eu estou voltando;
essa graça trouxe-me
seguro até aqui,
e a graça
conduzir-me-á para casa.
O senhor prometeu-me
bondade,
sua palavra me dá
esperança;
meu escudo e porção
será,
enquanto minha vida
existir.
Sim, quando esta
carne e coração falharem,
e a vida mortal
cessar,
eu possuirei,
atravessando o véu,
uma vida da alegria
e da paz.
Quando nós
estivermos lá por dez mil anos,
brilhando como o
sol,
não teremos menos
dias para louvar a Deus
do que quando nós
começamos.”
Mas o plano de Deus não se limitou apenas em
juntar Willian Cowper e John Newton. Em um culto onde os amigos cantavam, um
jovem chamado William Wilbeforce, recém-convertido ao cristianismo, procurou o
pastor Newton para ser seu conselheiro. A amizade entre eles fez brotar um
anseio ardente pelo fim da escravatura, e, inspirado pelo pastor, Wilbeforce
começou a levantar mais cedo para orar e ler a Bíblia. Em uma de suas
devocionais, ele entendeu que sua missão era lutar pelo fim da escravatura.
Então disse: “A perversidade da escravatura é tão grande, medonha e
irremediável que estou completamente preparado para lutar pela abolição, seja
qual forem as consequências. Nunca descansarei até conseguir a abolição da
escravatura”. Apesar da fragilidade de sua saúde, ele lutou diariamente contra
a escravidão.
Estes três homens ilustram a graça de Deus. Suas
histórias foram entrelaçadas, como um bordado: antes da graça, víamos o bordado apenas pelo lado avesso, sem entender como um emaranhado de fios poderia resultar em
alguma coisa. Mas depois contemplamos a obra pronta. Você pode não entender, mas Deus sabe o que está bordando.
Cowper morreu em 1800, com sessenta e nove anos de idade.
William Wilbeforce, em 1833 alcançou o seu objetivo: o fim da escravatura. O
hino composto por seu pastor, “Amazing Grace”, foi o hino de sua luta. Newton,
antes de morrer em 1807, com oitenta e dois anos, disse: "Minha memória quase se foi,
mas recordo duas coisas: eu sou um grande pecador e Cristo é meu grande
salvador!". Ele foi enterrado no jardim da igreja que pastoreava e em sua
lápide está escrito a frase que ele mesmo havia escolhido: “John Newton,
pastor, uma vez um infiel e libertino, foi pela rica misericórdia do nosso
Senhor e Salvador, Jesus Cristo, preservado, restaurado, perdoado e chamado
para pregar a fé que eu mesmo antes tentei destruir”.
Isto é a graça de Deus, e ela foi concedida a
cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo (Ef 4.7). Se hoje você se
sente escravizado, lembre-se: Cristo pode quebrar suas algemas! Fique na graça
do Senhor Jesus Cristo, no amor de Deus, e na comunhão do Espírito Santo.
fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/maravilhosa-graca/2
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